Em Memória e Legado: Obras do Professor Plinio Freire Gomes

É com profundo respeito e em tributo à memória do estimado Professor Plinio Freire Gomes que o Museu de Arte Sacra de São Paulo (MAS) anuncia uma iniciativa dedicada à perpetuação de seu notável trabalho educativo.

Figura constante e pilar fundamental nas atividades desta instituição, o Professor Plinio construiu uma trajetória marcada pela excelência intelectual e pela generosidade no ensino. Seu legado permanece vivo não apenas nos registros do MAS, mas, sobretudo, gravado nas memórias e nos corações de todos aqueles que tiveram o privilégio de acompanhar suas aulas.

Como forma de honrar sua contribuição e democratizar o acesso à sua vasta erudição, o MAS disponibilizará a todos os interessados o conteúdo integral do curso livre: “História da Arte: Seminário em História da Arte – Técnicas, Procedimentos, Interpretações: Mundos Medievais“.

Este seminário representa uma oportunidade única de revisitar o olhar aguçado do Professor Plinio sobre a arte e a história, permitindo que seus ensinamentos continuem a inspirar novas gerações de estudiosos e apreciadores da arte sacra e medieval.

Convidamos o público a celebrar a vida e a obra deste grande mestre através desta jornada de conhecimento.

A história da arte não é feita apenas de normas clássicas. O sistema artístico das grandes civilizações passa, às vezes, por situações de dispersão e de esgotamento. É quando as inovações ou as interferências provenientes de culturas periféricas começam a deformar a linguagem dominante. “Medievais” (no sentido de mediadores) são os períodos históricos dominados por expressões híbridas, caracteristicamente abertas à experimentação e à especulação

PROFESSOR
Plinio Freire Gomes
, foi autor de Um herege vai ao paraíso (Companhia das Letras). Mestre em história pela USP, viveu durante dez anos em Florença, estudando o Renascimento; e seis no Oriente Médio, onde pesquisou arte e cultura islâmica. Realiza aulas on-line versando sobre a história dos Impérios e das relações entre Ocidente e Oriente. Atua como conferencista, tendo promovido cursos livres no Masp, Museu de Arte Sacra, Casa do Saber, Fundação Ema Klabin, Museu de Arte Moderna, Instituto de Cultura Árabe, Areté (Centro de Cultura Helênica) e Centro Universitário Maria Antonia/USP. É especialista da agência LATITUDES – Viagens de Conhecimento, realizando “aulas em campo” para contar a história onde ela aconteceu: entre as ruínas e os monumentos de países como Itália, Índia, China, Japão, Turquia, Marrocos, Tunísia, Jordânia, Líbano e Irã.

Aula 1. Antiguidade Tardia.
Arquitetura entre esplendor e extravagância. Domus Aurea, Panteón, Termas de Caracalla. Monarquia e monoteísmo: imagens oficiais e o problema da sacralização do imperador.

Aula 2. Iconografias em construção: Cristo e Buda (parte 1).
As catacumbas e o peixe-acróstico. Empréstimos pagânicos, o antigo Orfeu grego transfigura-se em Jesus, o “Bom Pastor”. A cristianização das basílicas. Santa Sabina (Roma) e a primeira imagem da Paixão. Mausoléu de Galla Placidia (Ravena) e o esplendor bizantino.

Aula 3. Iconografias em construção: Cristo e Buda (parte 2).
A Civilização de Gāndhāra. Complexo monástico, Ajanta (Índia). Buda de Bamiyan (Afeganistão). “Estátua de Tara”, a personificação feminina de Buda (Sri Lanka).

Aula 4. Cruzamentos improváveis: as delícias do hibridismo (parte 1).
As filigranas e o pergaminho, Lindisfarne (Escócia). As “páginas-tapete” da caligrafia islâmica, Kufa (Iraque). Mosaicos bizantinos e gosto mourisco, Monreale (Sicilia).

Aula 5. Cruzamentos improváveis: as delícias do hibridismo (parte 2).
Shiva e as águas do Ganjes, Chenmai (Índia). A Cidade dos Budas, Borobodur (Java). A longa travessia budista nos desertos da Ásia, Dunhuang (China).

Aula 6. A Era dos Principados: Granada dos Sultões.
Um microcosmo agrícola e industrial. O estrangulamento entre reinos cristãos ibéricos e dinastias marroquinas. Alhambra: Palácio de Comares, Pátio dos Leões, El Generalife.

Aula 7. A Era dos Principados: Florença dos Banqueiros.
A lã, as finanças e a arte. Queda de Constantinopla e a “Paz de Lodi”, a nova ordem política italiana. Os Medici e a “República” – só que não… Brunelleschi e a reinvenção do mundo clássico.

Aula 8. Giotto e Mu Qi: a imagem e a palavra.
Um era italiano, e protagonizou a superação dos moldes bizantinos. O outro, chinês, buscou na tradição budista e confuciana a resposta à crise política de seu tempo. Dois artistas de mundos distantes colocam o problema da ausência de palavras na visualidade pura.

Bibliografia:
ARGAN, Giulio Carlo. História da arte italiana. São Paulo: Cosac Naify, 2003, vols. 1-3.
BELL, Julian. Uma nova história da arte. São Paulo: Martins Fontes, 2008.
BELTING, Hans. Florencia y Baghdad. Una historia de la mirada entre Oriente y Occidente. Madrid: Ediciones Akal, 2012.
BURCKHARDT, Titus. A Arte Sagrada no Oriente e no Ocidente: princípios e métodos. São Paulo: Attar, 2004 [1955].
CHASTEL, André. Fables, formes, figure. Paris: Flammarion, 1978, vols. 1-2.
CORMACK, Robin. Byzantine Art (Oxford History of Art). Oxford: Oxford University Press, 2018.
ECO, Umberto (ed.). Idade Média - Bárbaros, cristãos e muçulmanos. Lisboa: Publicações Don Quixote, 2010.
GOMBRICH, E.H. A história da arte. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.
RAVEGNANI, Giorgio. Bisanzio e l'Occidente Medievale. Bologna: Il Mulino, 2019.
ZEVI, Bruno. Saber Ver a Arquitetura. São Paulo: Martins Fontes, 2020
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