O Museu de Arte Sacra de São Paulo, instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, em parceria com o Metrô | Companhia do Metropolitano de São Paulo, apresenta a exposição coletiva Sem Hierarquias. A mostra destaca o trabalho de três artistas mulheres – Corina Ishikura, Cristina Suzuki, Jussara Marangoni – que trazem consigo trajetórias consolidadas, explorando a temática da diversidade através de abordagens poéticas e distintos suportes artísticos. Cada uma exibe abordagens únicas que exploram temas diversos quanto a relação humana com o universo, a re-contextualização de materiais cotidianos e a reflexão sobre a natureza e sua vitalidade resiliente. A curadoria é assinada por Nancy Betts, com abertura marcada para 19 de agosto, sábado, às 11hs., na Sala MAS | Metrô – Estação Tiradentes.
Sem Hierarquias, um compilado de três séries autorais distintas, oferece uma visão multifacetada da diversidade caracterizada por sua diferença, distinção, variedade e possibilidade de discordância. “A Revolução Industrial e especialmente os meios de comunicação, foram os grandes agentes impulsionadores da diversidade instaurando, juntamente com outros veículos, uma cultura de massa. A arte não ficou imune a essa contaminação e a essa heterogeneidade que passaram a fazer parte da sua linguagem”, define a curadora. A reprodutibilidade facilitada por novos recursos técnicos expandiu o escopo da pesquisa e produção de imagens, permitindo que diversas fontes coexistissem harmoniosamente. A arte, outrora restrita a uma hierarquia rígida, ganhou liberdade para afirmar seus valores não-lineares, advindos de diferentes períodos e vozes
Corina Ishikura – “Há algo sólido no brilho do céu”
Sua pesquisa versa acerca da relação intrínseca entre o ser humano e o universo, enfatizando a efemeridade e a configuração espacial que o indivíduo estabelece na esfera planetária. O interesse da artista recai na apresentação conceitual de uma perspectiva contemporânea do mundo, na qual a natureza e a cultura, as pessoas e as coisas, a matéria e o espírito coexistem num mesmo domínio, não somente interagindo, mas de forma integrada. A série foi elaborada durante o período de pandemia, quando os Correios desempenharam uma função essencial como meio de conexão e aproximação entre as pessoas. Utilizando os CEPs e as tecnologias disponíveis, explora os centros urbanos nacionais com uma população superior a 700 indivíduos, atendidos por pelo menos uma agência. Essa série, composta por peças em chapas de acrílico, convoca a reflexão acerca do aspecto cultural do homem contemporâneo, a sua influência na ocupação de territórios, bem como os impactos das suas ações na coexistência de outras formas de vida, incluindo a da sua própria espécie que partilha deste planeta. Essa reflexão transcende o âmbito meramente alimentar, adentrando aspectos materiais, filosóficos e espirituais que permeiam a existência urbana.
Cristina Suzuki – “Papel de Pão”
Para a exposição a artista apresenta sete obras da série. Estas peças consistem em bandeiras confeccionadas em tecido, nas quais estão bordados desenhos previamente estampados em sacos de papel utilizados para embalar pães. Tais desenhos incluem textos comuns em embalagens oriundas de estabelecimentos comerciais, como padarias e supermercados, como “Servimos bem para servir sempre” O processo de criação derivou de sua apropriação dos sacos de papel, os quais foram recortados e transformados em bandeiras de mesa, fixadas sobre pedestais de madeira especialmente adequados para tal. No contexto da investigação artística, manifesta-se o interesse da artista pela coleção e catalogação de “padrões”, abrangendo diversas naturezas. Esses padrões englobam conceitos sociais de senso comum e modelos/formas originários de diferentes culturas. Além disso, sua pesquisa abarca as possibilidades de reprodutibilidade artística e explora alternativas para a disseminação da obra de arte, transacionando entre a gravura, a fotografia, o objeto, a instalação, o desenho digital e o vídeo.
Jussara Marangoni – “Entre Terra e Céu”
Na presente série de desenhos a artista exibe uma parcela do trabalho de pesquisa que tem desenvolvido sobre a natureza vegetal e sua inerente capacidade de regeneração. Os desenhos, realizados em dimensões consideráveis, foram vigorosamente executados com carvão sobre papeis de grande formato. Nos trabalhos são retratados elementos vegetais, tais como plantas, raízes e troncos de árvores, os quais se assemelham à estrutura óssea do corpo humano. As representações destes elementos possuem uma vitalidade que transcende a dicotomia entre figurativo e abstrato, proporcionando uma experiência estética que evoca o impulso de propagação da vida, uma colonização incessante de todos os recantos possíveis deste planeta, estabelecendo um contínuo fluxo entre o domínio terrestre e o celeste. A escolha do material vegetal em seu estágio final de existência, o carvão, ressalta as problemáticas contemporâneas relacionadas ao desmatamento e às queimadas descontroladas, que têm sido praticadas de forma persistente e insensata em nosso ambiente planetário. Tal escolha visa instigar um momento de reflexão sobre estas questões prementes.
“ Sem Hierarquias ” convida a uma jornada de reflexão sobre a diversidade artística, a interação entre diferentes formas de expressão e o diálogo entre passado, presente e futuro. Essa mostra se torna um espaço onde as vozes únicas de três mulheres artistas se encontram, enriquecendo a compreensão do público sobre a riqueza da arte contemporânea e abraça a diversidade e a complexidade do mundo atual.
Artistas
Corina Ishikura (1964 são Paulo, SP)
Vive e trabalha em São Paulo. Pesquisa a impermanência e a relação do humano/inumano com o universo. Mostra uma visão contemporânea de mundo onde natureza e cultura, pessoas e coisas, matéria e espírito fazem parte do mesmo lugar, não apenas interagem, mas estão integrados. Exposições individuais recentes: 2022 – Quando pensei que era uma montanha, Casa Contemporânea SP; 2022 – Para onde ela estava olhando quando tudo ficou escuro, itinerante Centro Cultural Correios SP e Centro Cultural Correios RJ. Dentre as residências, destaques para Fundação Mokiti Okada; Japão (2017); Kaaysá Art Residence, São Sebastião, SP (2019).
Cristina Suzuki (1967 São Paulo, SP)
Vive e trabalha em Santo André, SP. Pesquisa padrões de diferentes naturezas, possibilidades de reprodutibilidade do trabalho de arte, utilizando gravura, fotografia, objeto, instalação, desenho digital e vídeo. Exposições Individuais recentes: Negócio da China – Museu de Arte de Blumenau, SC (2023); Papel de Pão – Memorial Getúlio Vargas, RJ (2022); OCUPAÇÃO – Salão de Exposições do Paço Santo André, SP (2022); Ocupação Espaços Funarte SP (2021); Padrão – Zipper Galeria, SP (2020); Figura 1 e figura 1 espelhada alternadas – Galeria de Arte Digital do SESI, SP (2018); Fig. 1 e Fig. 1 espelhada alternadas – Adelina Galeria, SP (2017);
Jussara Marangoni (1960 São Paulo, SP)
Vive e trabalha em Araçatuba, SP. Graduada em Artes na FAAP/SP e mestre em design pela UNESP. É professora de artes, tendo colaborado com universidades como Mackenzie, FAAP, Santa Marcelina, Belas Artes, PUCSP e oficinas no SESC. Participou de residências artísticas, exposições em espaços independentes, museus, galerias, centros culturais destacando-se: Fazer e desfazer paisagens, Museu de Arte de Ribeirão Preto, SP/ MARP (2023); O corpo como casa, a casa como corpo, Museu de Arte de Blumenau SC/ MAB (2022); Para onde ela estava olhando quando tudo ficou escuro – itinerante – Centro Cultural Correios São Paulo e Rio de Janeiro (2022); 19º. Programa de Exposições MARP no Museu de Arte de Ribeirão Preto, SP/ MARP (2022, entre muitas.
Curadora
Nancy Betts
Graduada em Licenciatura em Educação Artística (FAAP) e Mestre em Comunicação e Semiótica (PUC/SP). Professora Titular na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) nas disciplinas: História da arte e narrativas da tradição: construção e cronologia, no curso de Graduação em Artes Visuais e História da arte; Tempo e espaço – do Renascimento ao século XIX, na Pós-Graduação de História da Arte lato sensu. Integrou até 2009 o corpo docente dos cursos de Pós-Graduação lato sensu de Audiovisual e Design Gráfico, do SENAC/SP, em Semiótica da imagem e do som e Comunicação, Linguagem e Sentido, respectivamente. Curadora independente, crítica e pesquisadora. Cursos de acompanhamento de processos artísticos assim como júri de Salões de Arte. Atuando principalmente nas linguagens da Arte, Design e Tecnologia, nos seguintes temas: poéticas de processo, análise de imagem, poéticas de reciclagem, ressignificação, apropriação, intertextualidade, interface crítica. Membro do ICOM.
Exposição: “Sem Hierarquias”
Artistas: Corina Ishikura, Cristina Suzuki, Jussara Marangoni
Curadoria: Nancy Betts
Abertura: 19 de agosto – sábado – das 11h às 14h
Período: de 19 de agosto a 6 de novembro de 2023
Local: Sala MAS/Metrô – Estação Tiradentes
Endereço: Av. Tiradentes – Luz , São Paulo (grátis para usuários do Metrô)
Museu de Arte Sacra de São Paulo || MAS/SP
Endereço: Avenida Tiradentes, 676 – Luz, São Paulo (ao lado da estação Tiradentes do Metrô)
Estacionamento gratuito/alternativa de acesso: Rua Jorge Miranda, 43 (sujeito à lotação)
Tel.: 11 3326-3336 | 11 99466-6662 – informações adicionais
Horários: De terça-feira a domingo, das 09 às 17h (entrada permitida até as 16h30)
Ingresso: R$ 6,00 (Inteira) | R$ 3,00 (meia entrada nacional para estudantes, professores da rede privada e I.D. Jovem – mediante comprovação); Isenções: confira no site.
GRÁTIS AOS SÁBADOS