O objetivo da palestra é apresentar a genealogia de textos coloniais em torno da imagem dos antigos moradores da capitania de São Paulo nos séculos XVII e XVIII. Nesse período surge uma legenda negativa, que associou os paulistas à rebeldia e a mestiçagem indígena e mesmo judaica, tornando-os homens de “sangue infecto”, nos termos (racistas) da época. A imagem de maus súditos e maus cristãos foi criada em grande parte pelos jesuítas, particularmente pelo jesuíta hispânico Ruiz de Montoya (1585-1652), ou mesmo por portugueses como padre António Vieira (1608-1697). Corroboraram na construção de uma imagem negativa dos paulistas coloniais eruditos luso-brasílicos de outras partes da Colônia, como Rocha Pitta (1660-1738), da capitania da Bahia. No final do século XVIII letrados da capitania de São Paulo – como Pedro Taques (1714-1777) e frei Gaspar da Madre de Deus (1715-1800) – buscaram desfazer a “lenda negativa” e ensejaram outra lenda, “dourada”, apresentando os antigos paulistas como valentes, indômitos, homens de força e coragem incomum, conquistadores de terras, homens e metais preciosos.

Alberto Luiz Schneider é professor de História do Brasil e membro do Programa de Estudos Pós-Graduados em História da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP). É doutor em História pela UNICAMP. Realizou pós-doutorado no Departamento de História da USP (2011-2012) e no King’s College London (2008). É autor de Capítulos de História Intelectual: racismos, identidades e alteridades na reflexão sobre o Brasil (Alameda, 2019) e Silvio Romero, hermeneuta do Brasil (Annablume, 2005), além de vários artigos publicados no Brasil e no exterior. É Bolsista Produtividade em Pesquisa – CNPq-2.

A palestra será virtual, gratuita e transmitida ao vivo pelo canal de YouTube do MAS-SP.

Data: 09/ 03/2023

Horário: 19h30

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