O Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, mais do que uma data de celebração, é uma oportunidade de reconhecer, valorizar e refletir sobre a presença e a contribuição dos povos africanos e de seus descendentes em nossa história, cultura e identidade.
A força ancestral dos povos afrodescendentes está presente em muitos aspectos da vida brasileira — na arte, na fé, na culinária, na linguagem, na música, nas formas de convivência e resistência que marcaram o país. É um legado que continua a moldar gerações e que deve ser reconhecido e lembrado.
O acervo do MAS materializa a riqueza e criação das obras concebidas por mãos afro-brasileira. O museu guarda uma das mais importantes coleções dessas obras, visíveis na arquitetura construída por trabalhadores indígenas e africanos, nas esculturas em madeira, nas peças modeladas em barro, na ourivesaria de objetos litúrgicos e nas pinturas que compõem o acervo. Cada obra revela fragmentos de histórias, técnicas e visões de mundo que enriquecem o patrimônio brasileiro.
Para celebrar essa herança, o Museu de Arte Sacra de São Paulo promove a III Semana de Leitura e Cultura Afro-Brasileira. Como forma de reviver esse legado, propomos uma série de atividades culturais, educativas e de leitura — rodas de conversa, visitas mediadas, contações de histórias e experiências artísticas — que unem teoria e prática, aprendizado e sensibilidade. Mais do que ensinar, buscamos disseminar a leitura, partilhar saberes, celebrar ancestralidades e fortalecer laços de respeito, cidadania e pertencimento.
PROGRAMAÇÃO
Terça-feira, 18 de novembro – 18h
Roda de Conversa
Tema: Altares, Terreiros e Arqueologias Invisíveis: uma conversa a partir da pesquisa sobre as três Igrejas de Homens Pretos de São Paulo

Convidado: Prof. Fabrício Forganes Santos
Fabrício Forganes Santos é pesquisador do Catolicismo Negro e das Religiosidades Afro-brasileiras. Arquiteto e Urbanista, Mestre em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (FAAC/UNESP), Doutorando em História e Fundamentos da Arquitetura e Urbanismo (FAU-USP). Sua dissertação intitulada “As três Igrejas dos Homens Pretos de São Paulo de Piratininga: gênese urbana e disputas territoriais (1720-1910)”, ganhou Menção Honrosa no Prêmio ANPARQ 2022. Autor do livro “As três Igrejas dos Homens Pretos de São Paulo de Piratininga” lançado em 2022 pelo Museu de Arte Sacra de São Paulo, obra que conta a história urbana das irmandades negras paulistanas. Professor na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Escola da Cidade. Membro do Grupo de Pesquisa “Arquivos, fontes e narrativas: entre cidade, arquitetura e design” (FAU-USP). Membro do Grupo de Pesquisa “Barroco-Açu. A América Portuguesa na Geografia Artística do Sul Global” (FAU-USP). Membro do Conselho Consultivo do Instituto Tebas de Educação e Cultura. Pesquisador Social no Projeto “Mapeamento de Terreiros e Comunidades Tradicionais na região metropolitana de São Paulo” (ILABANTU/ NEAB / UNIFESP). Membro da Comissão Religiosa que analisa os artefatos encontrados nas escavações do Sítio Saracura-Vai Vai. Consultor do CONDEPHAAT no Processo de Registro Imaterial da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de São Paulo. Como pesquisador, atua em projetos que investigam a produção negra na perspectiva África Global, nos aspectos artístico e cartográfico/territorial. Ministra cursos e palestras em universidades e instituições museológicas, todos eles organizados a partir dos temas principais de sua pesquisa. Colabora com grupos que lutam pela preservação dos territórios das Comunidades Tradicionais de Matriz Africana nas cidades do Brasil e de outros países da América Latina.
Resumo:
A partir da pesquisa que originou o livro As três Igrejas dos Homens Pretos de São Paulo de Piratininga (MAS, 2023), esta conversa propõe um percurso pelas histórias, pelos territórios e pelos espaços simbólicos ocupados pelas Irmandades Negras que marcaram a formação urbana, social e espiritual da cidade de São Paulo entre os anos de 1720 e 1910. O encontro apresenta o processo de investigação que deu corpo à pesquisa apresentada no livro, discutindo suas escolhas temáticas, os desafios enfrentados e os caminhos que permitiram revelar presenças negras na cidade — muitas delas ainda silenciadas, mas reconhecíveis nas práticas religiosas e nas materialidades do sagrado afro-brasileiro.
A partir desse olhar, a palestra convida o público a refletir sobre como essas descobertas ampliam os debates em torno da reparação histórica e da reinterpretação do espaço urbano, evidenciando a importância das antigas Igrejas de Pretos como lugares de fé, sociabilidade e resistência. O diálogo se estende também às relações entre o passado e o presente, abordando os impactos da pesquisa nos atuais processos de escavações arqueológicas em antigas igrejas e cemitérios, bem como nas discussões sobre o patrimônio afro-brasileiro e as epistemologias negras que emergem dos Terreiros e dos edifícios onde ainda se identifica práticas do Catolicismo Negro no Brasil.
Atividades complementares:
Coffee Break
Exposição de livros sobre o tema
Entrada gratuita – vagas limitadas
Trazer 1 kg de alimento não perecível
Inscrição: biblioteca@museuartesacra.org.br
Quarta-feira, 19 de novembro – 18h
Sabores e Saberes: Culinária Afro-Brasileira
Tema: Comida como herança: temperos e histórias afro-brasileiras

Convidada: Chef Dani Pimenta
Chef Dani Pimenta é gastrônoma, empreendedora e pesquisadora, com atuação destacada em segurança alimentar e nutricional, especialmente voltada às populações pretas e periféricas. Atua também como palestrante e produtora de conteúdo, abordando temas como nutricídio, economia alimentar e ancestralidade. É idealizadora das oficinas “Cozinhando com a Cesta Básica” e “Comida de Terreiro Cura”,
Proprietária da Dani Pimenta Gastronomia Ancestral , empresa de catering e buffet e também proprietária do Olivia Cozinha Afetiva , restaurante que traz raízes ancestrais .
Atividades complementares:
Coffee Break
Exposição de livros sobre o tema
Entrada gratuita – vagas limitadas
Inscrição: biblioteca@museuartesacra.org.br
Quinta-feira, 20 de novembro – Dia da Consciência Negra – 11h
Roda de Conversa – Mediador: Roberto
Tema: Vozes negras na literatura e na arte brasileira: ancestralidade e leitura

Convidado: João Cândido da Silva
João Cândido da Silva (n. 1933) é um artista plástico com mais de sete décadas dedicadas à arte. Autodidata, iniciou sua trajetória na Feira da República, onde expôs por quase 30 anos, tornando-se figura emblemática do circuito artístico popular paulistano. Suas obras já foram exibidas em instituições como o MASP, Itaú Cultural, Paço das Artes, Sesc Belenzinho, Sesc Casa Verde, Sesc Quitandinha e na mostra Dos Brasis. Também expôs na França em 2004, levando sua poética visual além das fronteiras do país. Aos 92 anos, João segue produzindo e recentemente transformou seu ateliê em um espaço vivo de memória e criação, aberto a escolas, artistas e pesquisadores, um legado que celebra a força da arte afro brasileira como herança e resistência.
Atividades complementares:
Coffee Break
Exposição de livros sobre o tema
Sábado, 22 de novembro – Religiosidades Afro-Brasileiras– 11h – Café Teológico
Tema: O Candomblé e a religiosidade afro-brasileira
História, tradição e fé na formação de nossa identidade. O candomblé é símbolo de resistência de pessoas e nações escravizadas que para cá foram trazidas de África, portanto, o conhecimento de religiões de matrizes afrodiaspóricas, são importantes no combate ao racismo religioso.

Convidado: Fábio Melo
Nascido na cidade de Óbidos, no estado do Pará, Fábio Melo, tem bacharelado e licenciatura em História pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e em Dramaturgia pela SP Escola de Teatro. Atualmente, como Coordenador de Patrimônio no Axé Ilê Obá – primeiro terreiro de Candomblé tombado pelo Estado de São Paulo – desempenha importante papel na agenda sociocultural do Ilê, tendo sido o curador da exposição Negra Arte Sacra, no contexto de luta contra o racismo religioso. Integrou, ainda, o coletivo Alterquia, de pesquisa em arte e performance; como produtor cultural, foi um dos organizadores da Aparte – Mostra de Teatro do ABCD, em Diadema, nas edições de 2016 e 2017, contribuindo para a construção de um espaço de diálogo sobre questões raciais e sociais por meio das artes cênicas. Buscou o fortalecimento da cena teatral no ABCD, além da criação de um ambiente onde artistas negros e periféricos pudessem explorar suas identidades e experiências.
Atividades complementares:
Café Temático
Exposição de livros sobre o tema
Entrada gratuita – vagas limitadas
Inscrição: biblioteca@museuartesacra.org.br
14h – Contação de História
História: O Reino Quilombo de Dodô
Dodô, é uma menina negra que vem do Reino Quilombo para contar a história que ouviu da sua avó Heroína: o que veio junto na cabaça encantada com os seus ancestrais de África para o Brasil? Nessa contação, Dodô celebra os saberes, as culturas e as tradições afro-brasileiras.

Convidada: Maria Baú
Maria Baú, natural de Minas Gerais e quilombola do Quilombo Baú, situado no Vale Jequitinhonha, em Araçuaí, Minas Gerais, atua como atriz nos segmentos de televisão, cinema, musicais e teatro. É cofundadora da Maria Baú Produções Artísticas, empresa dedicada à cultura afro-brasileira. É educadora popular pela Escola de Formação em Pedagogia Griô Lençóis, na Bahia, e agente territorial de formação quilombola pela CONAQ. Praticante da filosofia kemetika, atua como instrutora de Kemetic Yoga (Yoga de Base Ancestral Africana) pela YogaSkills Chicago/US, sob a orientação do Mestre Yirser Ha Hotep. Maria Baú graduou-se em Artes Cênicas pela Escola de Teatro Martins Pena, no Rio de Janeiro, em Letras pela Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo, e em Alemão pelo Goethe Institut, nas cidades de São Paulo, Munique e Berlim. Circula, há seis anos, com o espetáculo solo “Os Rastros das Marias”, com direção e dramaturgia de Gabriela Rabelo, o qual lhe rendeu o prêmio de Melhor Atriz no 44º FESTE Nacional de Pindamonhangaba, em São Paulo. No cinema, atuou recentemente na série documental “A Mulher da Casa Abandonada”, com direção de Katia Lund.
Para participar basta trazer um 1kg de alimento não perecível.
Iniciativa faz parte do projeto “Marmitas do Bem – Orar&Ação”, distribuição de marmitas e kits alimentares todas as quintas feiras no pátio do Museu de Arte Sacra de São Paulo. Ex: Macarrão – molho de tomate – arroz – feijão – óleo













