Sala 3

Gabriel
– Chegamos à sala final da nossa visita, que se subdivide em duas áreas com obras de dois importantes escultores: Francisco Vieira Servas e Francisco Xavier de Brito.

– A sala tem cerca de 11 metros de comprimento que se alongam linearmente.
Igualmente à sala anterior, o caminho a ser percorrido é retilíneo e estreito.
Uma das diferenças dessa sala é que a maioria das esculturas está do seu lado esquerdo, caso você tenha iniciado o percurso pela Sala “Profetas”.
Desse modo, sua caminhada é acompanhada por uma longa superfície branca que segue continuamente a extensão da sala e abriga nove objetos.
Essa superfície onde se encontram as peças respeita o mesmo desenho expográfico da sala anterior, com nivelamentos em degraus que ora se elevam e ora se rebaixam.
A parede que ambienta as obras de Servas está pintada de vermelho.
Inicialmente abordaremos o trabalho do artista Francisco Vieira Servas.

– Sabemos que o artista nasceu em Eira Vedra, Portugal, no ano de 1720.
Aprendeu a esculpir junto a sua família e, em seguida, dirigiu-se ao Brasil onde iniciou seus trabalhos artísticos como assistente de outros mestres entalhadores.
Logo adquiriu habilidade e tornou-se um dos principais representantes da talha e do barroco mineiro, deixando uma importante marca na arte sacra.
Suas esculturas revelam uma devoção religiosa profunda, retratando santos, anjos e cenas bíblicas em madeira e pedra.

– Servas foi contemporâneo de Antônio Francisco Lisboa e do pintor Manoel da Costa Ataíde. Trabalharam juntos no desenvolvimento do projeto do Santuário de Congonhas, em Minas, no começo do século XIX.
Das obras que lhe dizem respeito, nessa sala, algumas se destacam quanto a popularidade, ao tamanho e às vivências relacionadas ao seu uso.
São elas: uma imagem de Santo Antônio, outra grande escultura de São Benedito e um Oratório Bala.

– A escultura de Santo Antônio mede pouco mais de 33 centímetros de altura e é uma peça  confeccionada em madeira policromada.
Como na iconografia tradicional, sua figura aparece com o menino Jesus no colo, sentado sobre um livro. A habilidade de Vieira Servas se apresenta aqui através de um refino técnico presente na leveza das vestes do santo, fazendo-nos, por um momento, esquecer a rigidez típica da madeira.
Chama a atenção os detalhes dos dedos do Santo que seguram o livro onde o menino está sentado.
O dedo mindinho, quase levantado, sugere cuidado e acolhimento enquanto a outra mão do Santo segura um lírio branco, símbolo de pureza.
Na composição do Menino Jesus, uma de suas pernas está dobrada sobre o livro enquanto a outra pende e recai esticada em indicando conforto.

– Em seguida, na parte central dessa expografia, a escultura de São Benedito se ergue contendo pouco mais de 1 metro de altura.
Trata-se de um santo negro e, conforme seu modelo iconográfico, aparece segurando o Menino Jesus em um de seus braços.
O rigor da talha desse artista se realiza por meio do movimento da roupa e do próprio corpo do Santo que flexiona o joelho direito como quem busca apoio para sustentar o corpo de um bebê.

– No Brasil, sua devoção começou no século 18, como padroeiro dos escravos e sua imagem está  presente nas igrejas do Rosário dos Pretos.
Em Minas, é representado usando sempre o hábito franciscano e um guardanapo enrolado em suas mãos.
São Benedito é padroeiro dos cozinheiros, portanto, é costume ter sua imagem na cozinha.

– Logo ao lado, outra obra que caracteriza um elemento importante da fé doméstica é o Oratório Bala.
É uma peça com 83 centímetros de altura e faz parte dos objetos religiosos utilizados na intimidade do lar.
Tem esse nome por se assemelhar a uma bala de arma de fogo, e costuma ser feito de um tronco de madeira oca, contendo no seu interior o santo de devoção pessoal.
Em seu interior, encontramos 5 esculturas.
Ao centro, a imagem de Santa Rita de Cássia se destaca como peça principal.
Nas portas, estão duas imagens, uma em cada porta, sendo elas uma escultura de Santo Antônio e a outra de Nossa Senhora da Conceição.
Abaixo da imagem central de Santa Rita, outras duas imagens, de menor tamanho, aparecem lado a lado: uma escultura de Nossa Senhora e outra de Nossa Senhora com o Menino.
Este oratório é decorado com folhas de acanto douradas posicionadas a partir do topo da cabeça dos santos.

Denyse
– Ainda na mesma sala, porém do lado oposto, encontramos quatro obras do artista Francisco Xavier de Brito.
As peças estão ambientadas por um fundo de parede na cor carmim.
Novamente, aqui, as quatro esculturas estão dispostas sobre uma superfície semelhante às que dão suporte às outras obras vistas nas salas anteriores.

– Francisco Xavier de Brito foi entalhador e escultor português, com local e ano de nascimento desconhecidos.
Foi responsável por importantes talhas de Igrejas do barroco mineiro.
Ele contribuiu de maneira significativa para a arte sacra barroca brasileira.

– Em destaque, a escultura de Santa Maria Madalena, pertencente ao acervo do Museu de Arte Sacra, surge ajoelhada.
A obra foi confeccionada em madeira e possui 58 centímetros de altura.
A figura de Maria Madalena aparece aqui com uma de suas mãos direcionada para o alto e a outra segurando um pano.
Essa amplitude corporal representa a iconografia da cena do calvário, um dos passos da paixão de Cristo, projetando uma teatralidade para a peça, típica do Barroco, e revelando um rigoroso estudo volumétrico das dobras das roupas.
O olhar de Maria Madalena está dirigido para a mão que segura um pano.
Suas roupas são nas cores branca, vermelha e azul.

Yasmine
– Chegamos ao final da nossa visita à exposição, com a apresentação de um par de obras de Manoel da Costa Ataíde, mais conhecido como “Mestre Ataíde”.
Ele é um artista muito reconhecido pelas pinturas nos tetos de espaços religiosos e por trabalhar, muitas vezes, em parceria com Antônio Francisco Lisboa em diversas Igrejas.
São dele as pinturas do Oratório Ermida apresentado na sala anterior.
Além disso, também é lembrado pelas técnicas de ilusão e perspectiva que emprega nos seus trabalhos.
Nessa sala, ao final do corredor que acompanha as obras, está exposto um par de portas com pinturas de sua autoria.
Cada porta mede cerca de 1 metro e 10 centímetros de altura por 35 centímetros de largura.
Nas pinturas, ele retrata “Nossa Senhora com o Menino” em uma das portas e a imagem de “São José” na outra.
Ambas se destacam pela poderosa luminosidade que emana da cabeça dos santos, fazendo parecer raios solares da vida real.
Para imitar o efeito da carne humana no rosto dos santos, o mestre se utiliza de sombras e da cor rosada nas bochechas, reforçando o drama presente em suas imagens.

– Obrigado por fazer esta visita comigo e meus colegas.
Esperamos que tenha apreciado.
Esperamos você nas próximas exposições.

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