Método: presencial
Apresentação
De acordo com Burckhardt (2016), quando os historiadores da arte aplicam o termo “arte sagrada” a toda e qualquer obra que tenha um tema religioso, estão esquecendo que a arte é essencialmente forma. Nenhuma arte merece esse epíteto a menos que suas próprias formas reflitam a visão espiritual característica de uma determinada religião. Toda arte sacra se fundamenta, portanto, em uma ciência das formas, ou seja, no simbolismo inerente às formas. Deve-se ter em mente que um símbolo não é apenas um signo convencional, mas manifesta seu arquétipo em virtude de uma lei ontológica definida, um símbolo é, em certo sentido, aquilo a que dá expressão. Por isso mesmo, o simbolismo tradicional nunca deixa de ter beleza: segundo a visão espiritual do mundo, a beleza de um objeto nada mais é do que a transparência de seus invólucros existenciais; uma arte digna desse nome é bela porque é verdadeira.
Do ponto de vista cristão, Deus é “artista no sentido mais exaltado da palavra, porque criou o homem “à sua imagem” (Gênesis 1:27). O reflexo divino no homem foi perturbado pela queda de Adão; o espelho estava manchado; mas, no entanto, o homem não pode ser completamente deixado de lado; pois enquanto a criatura está sujeita às suas próprias limitações, a Plenitude Divina, por outro lado, não está sujeita a qualquer tipo de limitação, e isso equivale a dizer que as ditas limitações não podem ser, em nenhum sentido real, opostas à Plenitude Divina, que é manifestada como Amor ilimitado. A própria limitação desse Amor exige que Deus, “pronunciando-se” como Verbo Eterno, assuma os contornos perecíveis da imagem – a natureza humana – para lhe restituir sua beleza original.
Claudio Pastro (1948-2016) explicava que a palavra em grego kalón carregava o sentido de beleza, o desejo de ser UM, é o lugar que Deus brilha; que a expressão kalokagathia é um conceito grego derivado da expressão “kalos kai agathos”, que significa literalmente belo e bom, ou belo e virtuoso e completava dizendo: “Beleza nada mais é do que encontrar a unidade plena do nosso ser. Dar sentido à vida passa, necessariamente pelo sentido de beleza: kalón”.
Objetivo:
Apresentar o sentido da beleza na arte sacra cristã e o resgate proposto pelo Concílio Vaticano II da arte sacra preservada na tradição da Igreja do Oriente como sinal de uma presença. Explicitar a linguagem da arte sacra que se manifesta na imagem enquanto forma e símbolo, e a associação ao uso das cores e seus profundos significados, como disse Efrém da Síria (século IV d.C.): “Deus não é um pintor, ele nos deixa pintar a nós mesmos”.
Conteúdos abordados:
– A arte sacra dos primórdios do cristianismo e a simbologia das cores;
– A arte cristã pós-conciliar tendo como referência a arte sacra de Claudio Pastro;
– A tradição na arte sacra cristã oriental e a abordagem do uso de cores puras.
Programa do curso:
Aula 01 – 23/09/2023
Aula teórica (10h às 12h) – Tradição e modernidade na arte cristã e a simbologia das cores.
Aula prática: (13 às 16h) – Primeiro exercício com execução de pintura orientada.
Aula 02 – 24/09/2023
Aula teórica: (10h às 12h) – Imagem e Presença: uma arte que conduz ao Mistério.
Aula prática: (13h às 16h) – Segundo exercício com execução de pintura orientada.
Material incluído no valor do curso:
Cada aluno receberá um kit individual de materiais de modo a lhe estimular a realização de trabalhos futuros. Material de uso individual: conjunto de papéis artísticos para pintura, paleta descartável, 01 pincel, um kit de seis cores em tinta tempera. Material de uso comum: mordente para aplicação de folhas metálicas, folha de ouro prima, pigmentos, vernizes e acessórios artísticos para demonstração e produtos auxiliares para a prática da atividade.
Sugerimos aos participantes trazerem os pinceis de sua preferência para a atividade, recomenda-se trazer um pincel redondo fino: modelo similar ao Condor código 425 número 0 (cerda sintética). O uso de avental é aconselhável, mas não obrigatório.
Pré-requisito:
Atividade destinada ao público interessado em geral, não é necessária a experiência em pintura.
DOCENTES
Romolo Picoli Ronchetti nasceu em Colatina (ES) e transferiu-se para São Paulo (SP) em 2001, quando ingressou no Seminário da Diocese de Santo Amaro, onde se graduou em Filosofia e estudou Teologia (sem concluir). Em 2003 frequentou o Curso de Iconografia Oriental na Eparquia Greco-Melquita Nossa Senhora do Paraíso onde teve o primeiro contato com a produção da arte sacra cristã. Em 2010 graduou-se em Filosofia pela Universidade São Judas Tadeu (SP). Desde 2004 realiza pesquisas na área de Arte, Teologia, Liturgia e Espaço Litúrgico no âmbito da arquitetura e arte sacra no desenvolvimento de projetos e obras de arte para espaços litúrgicos no Brasil e no exterior. Em 2019 colaborou com a publicação do livro “A arte como expressão da vida litúrgica” do Pe. Marko Ivan Rupnik — Edições CNBB, realizando a tradução do italiano. Em 2022 concluiu a Pós-graduação em Espaço Litúrgico — arquitetura e arte sacra, pela UNISAL em São Paulo. Suas obras adornam o novo Santuário de Santa Rita em Cássia, um dos maiores do Brasil e ilustram as publicações da revista Vida Pastoral (editora Paulus), sendo que seu mais recente projeto editorial está na ilustração para a capa do livro “Formação Litúrgica” de Romano Guardini, um dos maiores teólogos do século XX traduzido pela primeira vez para o português. A atuação de seu trabalho foca a realização de estudos para a iconografia de igrejas com projetos em São Paulo, Paraná, Mato Grosso, Pará e Espírito Santo.
Silvana Borges cursa o mestrado profissional em Arquitetura, Urbanismo e Design pelo Centro Universitário Belas Artes em São Paulo, com ingresso em 2022; é graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, especialista em Conservação e Restauro de Arte Sacra, Arquitetura e Pintura de Cavalete, atuando profissionalmente na preservação do patrimônio artístico e cultural com foco na imaginária sacra (madeira, gesso e terracota) e restauro arquitetônico de pinturas murais. Destaca-se a sua atuação no processo de conservação e restauração no Museu Paulista (Ipiranga/SP) dos 18 marouflages que contornam a sanca no alto da escadaria principal do edifício monumento. Docente do Museu de Arte Sacra de São Paulo desde 2014 ministrando cursos teórico-práticos com estudos iconográficos e das metodologias de pintura tradicionais a base de temperas (caseína, ovo, cola animal, etc). Integra o grupo de pesquisa de Estética & Arte Sacra (FSB-SP e MAS-SP). Profissional associada ao CAU, ICOM, ANTECIPA e CEIB. Traçando um panorama de sua produção artística desde 1988 até os dias atuais, pode-se perceber claramente a evolução e alterações de técnica de seu trabalho e das diferentes interpretações dadas sobre variados temas com obras catalogadas e várias premiações, inclusive pela sua atuação literária com o recente “Prêmio 2020 Diamonds of Arts” na Áustria e premiação na “91ª Feira do Livro de Lisboa” em 2021, é autora de contos infantis publicados em coletâneas com lançamento no Brasil e exterior em traduções para o inglês, espanhol, francês e alemão.
Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/8855905584185083
Datas: dias 23 e 24 de setembro de 2023 (sábado e domingo)
Horário: das 10h às 16h com intervalo para o almoço
Valor do curso: R$390,00 (todo material artístico está incluído no valor do curso).
Vagas: 25 alunos
Local: Museu de Arte Sacra de São Paulo
Endereço: Avenida Tiradentes, 676 – Metrô Tiradentes
Entrada pela Rua Dr. Jorge Miranda, 43
Estacionamento gratuito (sujeito à lotação).
Inscrições: mfatima@museuartesacra.org.br
Informações: (11) 3322.5393
Whatsapp: +55 (11) 99466-6662
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Burckhardt, Titus. The Foudations of Christian Art. World Wisdom, 2016. CLAIR, Kassia St. The secret lives of color. Penguin Books, 2016. FINLAY, Victoria. Color: A Natural History of the Palette. New York: Random House, 2004. HELLER, Eva. A Psicologia das cores: Como as cores afetam a emoção e a razão. São Paulo: Gustavo Gili, 2013. MUZJ, Maria Giovanna. Il mistério Cristiano del colore. Mysterion: Rivista di Ricerca in Teologia Spirituale. Ano 9 número 1, 2016. PASTRO, Claudio. A Arte no Cristianismo. São Paulo: Paulus, 2010. PASTRO, Claudio. O Deus da Beleza. São Paulo. Ed. Paulinas, 2012. VARICHON, Anne. Colores. Historia de su significado y fabricación. Editorial Gustavo Gili, 2018.