O Museu de Arte Sacra de São Paulo, instituição da Secretaria de Estado da Cultura, inaugura a exposição Floração, de Paulo von Poser, com curadoria de Haron Cohen, exibindo a multiplicidade criativa do artista plástico em 44 obras com suportes variados: desenho, aquarela, objeto e instalação. Para a mostra, Paulo aproximou em seus trabalhos o símbolo da flor com a cidade e o sagrado feminino, unindo seus traços precisos à delicadeza encontrada na natureza e à expressão artística do divino presente no acervo do museu, numa sagração de boas vindas à Primavera. Nessa exposição, Paulo von Poser aponta os três locais onde a vida pode florescer, de acordo com Roberto Gambini, em seu texto de apresentação da mostra: “o corpo e a mente na cidade humanizada, a alma na flor e o espírito na sacralidade geratriz”.

A flor é um tema com forte presença na carreira do artista, especialmente as rosas. Grande parte das obras foi produzida especialmente para a mostra. A montagem “valoriza o vertical, o interior, o acúmulo, a sobreposição e a surpresa”, nas palavras de Paulo. “A cor da exposição é densa e saturada e a montagem final reforça nesta aglutinação cromática a própria essência do surgimento da flor, sua diversidade extrema, a velocidade e intensidade de sua evolução”, diz ainda.

A variedade de suportes com as quais Paulo von Poser compõe sua poética visual tem uma relação bastante próxima com a evolução das flores, “espécies vegetais que tomaram o planeta milhões de anos atrás e que hoje são a maioria das espécies de plantas, árvores, cereais e hortaliças que possibilitaram o surgimento da agricultura na sua interação intensa com os animais”, explica o artista.

Floração exibe “A Flor Pré-Histórica”, conjunto de grandes aquarelas, que, montadas com a série “Vasos e Madonas”, formam um extenso mural contínuo, no qual a flor é representada pela busca de sua ancestralidade simbólica e cromática. “Flor Relíquia”, rosas em forma de relicário em madeira e ferro, incita a curiosidade e convida à interação para a descoberta do segredo guardado em seu interior. A sala destinada à exposição traz ainda uma montagem com uma série de cerâmicas pintadas em faiança e baixo esmalte como tributo à santa padroeira do Brasil.

O Museu de Arte Sacra de São Paulo é apresentado e homenageado em dois desenhos centrais, além de ser tema de uma série inédita de desenhos de imagens de peças de seu acervo, feitas in loco este ano, especialmente para a exposição.

O sagrado feminino presente na mostra na imagem de Nossa Senhora Aparecida é uma espécie de teaser do que está por vir. Em outubro, Paulo von Poser monta no Museu de Arte Sacra de São Paulo uma exposição, ao ar livre, com uma instalação em homenagem à Santa.

O artista 

Paulo von Poser nasceu em São Paulo e formou-se arquiteto pela FAU/USP em 1982. Primeiro paulistano de uma família de gaúchos, iniciou sua relação com o desenho em 1978, ao ingressar na faculdade. A partir daí, se descobriu como artista plástico, fazendo em 1982 sua primeira exposição. Exposições, projetos gráficos, instalações, manifestações de arte pública, vídeos, cenários ilustrações, estampas, fotografias, cerâmicas, painéis de azulejos e aulas acadêmicas tem sido diferentes meios para sua arte pop e gráfica. Paulo expôs obras em diversas cidades brasileiras e em países como Alemanha, Peru, Bolívia e França. Os elementos que indicaram novos rumos para seu trabalho foram as grandes pedras do Rio de Janeiro – marcos da paisagem da cidade – e o Rio Pinheiros, em São Paulo, com suas pontes, margens e construções, ambiente em constante e intensa transformação urbana. Lançou em 2010 seu primeiro livro, “A Cidade e a Rosa”, onde, mais uma vez, homenageia suas duas paixões.

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