Por que há padres que se vestem modestamente com hábitos marrons e outros com roupas bordadas a ouro? Por que nas cerimônias na igreja as roupas do padre têm cores e símbolos diferentes ao longo do ano? O modelo, tamanho e material de um chapéu de padre pode explicar sua importância na comunidade religiosa? Buscando responder a estas e outras questões formuladas por pessoas das mais diversas orientações religiosas, mas interessadas em arte, o Museu de Arte Sacra de São Paulo promove, a partir de 07 de junho, original exposição sobre vestimentas religiosas através dos tempos. A curadoria de Vestes Sagradas é de Percival Tirapeli, professor titular em artes visuais da UNESP em São Paulo.

Estas vestimentas são as que foram usadas nas celebrações litúrgicas da Igreja Católica desde os seus primórdios e evoluíram de acordo com a maior riqueza e brilho conferido aos cultos, passando a ser consideradas como arte. A evolução da arte da confecção de tais paramentos, seja na tecnologia, seja na ornamentação, pode ser apreciada nesta exposição, que inclui uma linha do tempo e apresenta os mais destacados momentos da arte sacra em vestimentas e tecelagem. As peças têxteis apresentam-se contextualizadas e ambientadas, ao lado de importantes obras de arte como pinturas, esculturas e oratórios. Mas não apenas a igreja católica romana: também a igreja cristã oriental, em seus ritos bizantinos e russos, está representada em Vestes Sagradas, bem como análises estéticas de obras têxteis, apontamentos sobre os símbolos utilizados nos ritos, modelos de vestes renascentistas e medievais.

Com o avanço das técnicas de tecelagem, as vestimentas utilizadas nas cerimônias religiosas modificaram-se, passando a usar tecidos como as sedas, os brocados e os veludos. Na ornamentação, passaram a ser utilizados bordados e aplicações em ouro e prata, novos pontos foram criados especialmente por hábeis e devotas mãos – inicialmente de religiosas, mais tarde por artesãos e mesmo empresas especializadas. Uma forma de enobrecer a simbologia do ideário religioso, simbologia esta também apresentada em suas cores e formas em Vestes Sagradas.

Na exposição destacam-se instrumentos de bordar e tecer, modelos diferenciados e as casulas e as capas pluviais, entre elas aquela de um bispo peruano do século XVII. A peça, preciosa e bela, utiliza plaquetas de ouro – material abundante na região andina à época colonial.

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